Riscos do mercado segurador 2017

Recentemente a consultoria PWC divulgou um documento chamado Banana Skins 2017 em que apresenta uma pesquisa muito profunda e informativa sobre os riscos enfrentados pelo mercado segurador global. A Control Consultoria teve acesso a esses dados e preparou uma pequena analise dos resultados e comentários sobre os principais riscos por ramo que requerem a atenção dos gestores.

Riscos por ramo

Olhando para os resultados por ramo, observa-se uma tendência que permeia todos os ramos do mercado de seguros, que é a preocupação comum com os impactos negativos da mudança, a lentidão das empresas em acompanhar o ritmo destas mudanças vindas do mercado e dos clientes cada vez mais exigentes e com demandas complexas, bem como com a atual “onda de inovação disruptiva” no setor segurador.

Vida

  1. Taxas de juro
    2. Gestão da mudança
    3. Ciber-risco
    4.Performancedos investimentos
    5. Tecnologia
    6. Regulação

O ramo vida tem sofrido uma pressão enorme de uma combinação de forças. A persistência na imprevisibilidade de tendências sobre as taxas de juros, estão afetando a capacidade das seguradoras em oferecer produtos de poupança atrativos, num mercado que muitos veem numa tendência de queda de rentabilidade para os clientes. As alterações tecnológicas, a “transformação digital” e os novos tipos de concorrência (as insurtechs) também foram identificados como desafios, sem falar na regulação, que vem cada vez mais apresentando uma agenda pesada de novas normas e exigências, aumentando em muito a insegurança e o custo de controle e compliance. Já o ciber-risco é um problema que permeia todos os setores, incluindo os ramos de seguro de vida e previdência, cujo impacto está crescendo muito mais rápido que a capacidade de proteção das companhias. Novas regulações sobre a proteção de dados dos clientes devem chegar ao Brasil na esteira dos mercados americano e europeu, gerando mais custos e mais preocupação para os gestores das companhias de seguro.

 Não-Vida

  1. Tecnologia
    2. Gestão da mudança
    3.  Ciber-risco
    4. Concorrência
    5. Performancedos investimentos
    6. Regulação

Nos ramos não-vida, a agenda dos gestores de riscos é recheada de preocupações como as alterações tecnológicas e a abordagem dos seguradores em ajustar suas plataformas para acompanhá-las. Estas preocupações focam principalmente na entrada de novas formas de concorrência no mercado e novas plataformas de distribuição. Outro tema crítico é o impacto da concorrência na capacidade seguradora e na existência de um ciclo alongado de “soft market” que se caracteriza por operar com taxas mais baixas, limites maiores, contratos flexíveis e uma cobertura muito maior, tendo uma abordagem de riscos muito mais agressiva. Em contraste com os eventos de grande porte que tendem a cobrar coberturas maiores, essa tendência alongada e de prêmios reduzidos para aumentar a competitividade das propostas impacta diretamente no resultado das seguradoras. O cibercrime surge de forma dupla: como ameaça à segurança do setor e como um risco a segurar (underwriting risk). A regulação continua a ser vista como um risco devido ao custo e aos impactos que gera. Ampliação do foco em suitability de produto, novas modalidades de lavagem de dinheiro via seguros, a analise de risco de crédito como ferramenta de prevenção à fraudes e um entendimento sobre a responsabilidade e corresponsabilidade sobre terceiros e sobre a cadeia de suprimentos estão no radar dos reguladores para um futuro breve.
Resseguradores

  1. Ciber-risco
    2. Gestão da mudança
    3. Performancedos investimentos
    4. Macroeconomia
    5. Tecnologia
    6. Concorrência

O ciber-risco, tanto como um problema de segurança ou  como um risco a segurar (underwriting risk), é a principal preocupação do setor ressegurador segundo os respondentes da pesquisa. O desafio de mudanças estruturais no setor, lideradas pelas novas tecnologias e novos concorrentes, é também uma prioridade na agenda. Mantêm-se as preocupações com a subscrição de riscos que possam gerar limitações de capacidade de cobertura e soft pricing ( conceito que significa o ciclo de mercado que reduz os prêmios cobrados pelas coberturas em busca de competitividade de mercado, o que é sazonal e impacta nos resultados. No Brasil o setor de resseguros pós abertura do mercado ainda passa por um processo de amadurecimento que precisa se refletir em processos e gestão para se consolidar como alternativa viável sem riscos sistêmicos de contagio por incapacidade e insolvência.

Mistas

  1. Taxas de juro
    2. Gestão da mudança
    3. Ciber-risco
    4. Tecnologia
    5. Performancedos investimentos
    6. Macroeconomia

Os riscos identificados, são similares aos do ramo vida quando comparamos com as respostas do ramo não-vida. A preocupação principal é a persistência de taxas de juro voláteis e sua difícil previsibilidade (atuando diretamente no apetite de risco com seu impacto mais visível nos produtos de poupança e no retorno dos investimentos). Existe também uma elevada preocupação com as alterações tecnológicas e na dificuldade de reação. Pela inter-relação dos riscos, a capacidade de investimento e o apetite para inovação acabam inibidos pela volatilidade macroeconômica e política.  Também o cyber-risco teve muitas menções dos pesquisados, ainda de forma difusa pois as soluções ou os investimentos para tais soluções não são claros para todos.

Brokers/intermediários

  1. Tecnologia
    2. Gestão da mudança
    3. Ciber-risco
    4. Taxas de juro
    5. Gestão de talentos
    6. Regulação

Para os brokers o risco eleito fala de alterações tecnológicas. Canais de distribuição, redes sociais e as ferramentas de contato com o cliente são tópicos recorrentes.  Em um ciclo de soft Market, os resultados dos brokers são afetados da mesma forma que o resto da indústria. Seguindo uma tendência mundial muito relacionada com a responsabilização sobre toda a cadeia produtiva e de fornecimentos de serviços, o ramo deve se preocupar ainda com a regulação e seus impactos no modo de fazer negócios. Aqueles que ainda não se preocupam, podem perder o protagonismo e a influência no processo regulatório.

Quer discutir mais sobre esses riscos e análises? O time da Control Consultoria está à sua disposição para discutir esses riscos, como eles se refletem na sua companhia e de que forma, juntos, podemos ajudá-los nesse novo mundo de mudanças rápidas e contínuas.

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